quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

As Dores da Alma - Introdução

Livro: As Dores da Alma
Autor Espiritual: Hammed




Nas celebrações da publicação do primeiro livro da Codificação Kardequiana, quando a Seara Espírita completa 141 anos de iluminação e libertação das consciências, entregamos aos leitores o resultado de nossos estudos e meditações sobre os ensinamentos superiores de “O Livro dos Espíritos”.

Desde muito, aspirávamos realizar comentários em tomo da imensa riqueza que existe nessa obra basilar. Nela encontramos verdadeiros tratados de sociologia, de psicoterapia, de pedagogia, de saúde mental e outras tantas ciências, que são valiosos recursos para desenvolvermos a capacidade de pensar, de escolher, de tomar decisões e para nos tomarmos cada vez mais conscientes em todas as circunstâncias da vida.

Inspirando-nos em suas preciosas “questões e respostas” (1), fizemos nossas modestas anotações, cujas páginas (2), em sua totalidade, reunimos neste volume. Não temos a pretensão de inovar as diretrizes espíritas, mas sim o propósito sincero de reafirmar-lhes os sublimes conceitos que, em realidade, são os grandes estimuladores da mente humana à sementeira de uma vida nova Para tanto, utilizamo-nos de um sumário de termos retirados dos materiais de pesquisa e do pensamento de notáveis estudiosos do comportamento humano.

Estamos cientes de que integramos falange de espíritos ainda em evolução nas atmosferas intelectuais da Terra, tão sujeitos a enganos como qualquer outro. Temos também consciência de que somos uma alma que leva ao alto o archote iluminado que Jesus Cristo, por compaixão, nos concedeu a graça de carregar, para que iluminássemos a nós mesmos, em primeiro lugar, a fim de que conhecêssemos as nossas faltas e, ao superá-las, realizássemos serviço do autodescobrimento.

Nada traz de incomum e extraordinário nossa contribuição. Estes simples textos, em que desenvolvemos um raciocínio, um mais entre os diversos estudos das questões e dos conflitos humano, representam o somatório de nossas meditações nos ensinamento superiores. Apuramos dados atuais, examinamos conquista modernas, observamos conceitos recentes, tentando resumir dessa forma nossas conclusões, que ora entregamos nesta editoração.

Em nossos apontamentos, denominamos os “sete pecados capitais” como as “dores da alma”. São eles: o orgulho, a preguiça, raiva, a inveja, a gula, a luxúria e a avareza. Na atualidade, graças a valioso concurso das doutrinas psíquicas, de modo geral, e da psicologia espírita, especificamente, esses “pecados” são considerados ma como desajustes, neuroses ou desequilíbrios íntimos. Em verdade os “pecadores” precisam mais de auto-análise, reparação e tratamento do que de condenação, repressão ou castigo.

Quem tem hoje um mínimo de clareza íntima procura discernir esses processos psicológicos em desalinho da psique humana não levá-los a um sacerdote para que os absolva; ou, simplesmente apontá-los como faltas ou erros provocados pela ação dos espíritos infelizes, sem assumir nenhuma responsabilidade.

Entendemos que as “dores da alma” são fases naturais da evolução terrena, nas quais estagiam todos os seres em crescimento espiritual, aprendendo a usar, convenientemente, seus impulsos inato ou forças interiores.

A moralidade medieval, em seu ardoroso empenho de regulamentar uma linha de conduta, instituiu os “sete pecados capitais”, que supomos ter sido uma tentativa de impedir que as criaturas enveredassem pelos imaginários caminhos do mal, com o temor de serem levadas a uma completa ruína por toda a eternidade.

Na atualidade, as religiões austeras ou intransigentes proclamam ainda o pecado em “altas vozes”, julgando as atitudes e as ações com um radicalismo irracional e posicionando-se com uma certeza absoluta sobre o que é bom ou mal, certo ou errado.

No entanto, quem compreendeu as divinas intenções do Poder da Vida sabe que, na nossa existência, nada pode estar acontecendo de errado, pois a obra da Natureza tem a maravilhosa capacidade de sempre estar promovendo a todos, mesmo quando tudo nos pareça perda ou destruição.

Ao entregarmos o nosso livro, temos a intenção de despertar os interessados para a conquista do auto-aperfeiçoamento, através do estudo da vida inconsciente, “o além-mar” de nossa existência de espíritos imortais, fazendo conexões entre os mecanismos e métodos da psicologia e diversas questões do “Livro-luz”.

Essas interligações entre a Nova Revelação e estudos das atividades psicológicas permitiram novos ângulos de compreensão, contribuindo para que aceitemos, valorizemos e apreciemos tanto as nossas experiências como as dos outros e avaliemos tudo aquilo que elas representam, naquele exato momento evolutivo, sem lançarmos mão de críticas, perseguições ou imposições.

Possibilitam, do mesmo modo, que nos limitemos unicamente a olhar e observar os vários níveis da experiência humana, sem contestarmos ou indagarmos se poderiam ou não ser de outra forma. Assim, apreciamos somente as diferentes ações e formas de aprendizagem com que os bens fundamentais da Divina Providência agem e promovem a evolução da humanidade. “Nenhuma pessoa se queixa das pedras por serem duras, nem tampouco da cachoeira por ser úmida”. É dessa forma que devemos ponderar e analisar as atitudes heterogêneas na natureza humana, se quisermos facilitar e cooperar adequadamente com o processo educativo da Vida Maior em nós e nos outros.

O mau hábito de fixarmo-nos em prejulgamentos criar-nos-á dores e dificuldades no amanhã, quando tivermos que arrancar essas raízes de inflexibilidade. Por isso, entendemos que “melhor é ser planta que germina de galho”.

A dor emocional, diferentemente da lesão material, implica uma angústia no corpo todo; porém, a impressão física parece real. As “dores da alma” provocam um aperto no peito, uma dificuldade de respirar, uma sensação de que o coração vai se partir. “Enquanto eu chorava, doía muito mesmo no fundo do coração”, assim muitos se expressam diante dos pesares e aflições da vida.

As pessoas, entretanto, tendem a condenar e punir, olvidando-se de que todos somos alunos, não malfeitores, na escola da vida; que as “dores da alma” são as educadoras ou instrutoras particulares que a Harmonia da Vida nos concedeu, para vencermos bloqueios e obstáculos íntimos.

Esquecem também de que a Doutrina Espírita reconhece, não exclusivamente, a religião, mas de forma igual a ciência e a filosofia como processos de aprendizagem; em outras palavras, métodos de ensino importantes que utilizamos para conhecer a nós mesmos, as outras criaturas e demais criações do Universo. O Espiritismo sintetiza esses três métodos para que os indivíduos percebam a unidade ou totalidade do conhecimento pleno, e não a dualidade, que nos aprisiona ao mundo conflitante dos opostos.

Com esta singela obra, sentimo-nos desde já recompensados, pois oferecemos a instrumentalidade de nossa vida aos princípios do amor e da educação, tentando cooperar, de certo modo, com os nossos semelhantes. Portanto, se as páginas aqui reunidas puderem constituir para algum deles explicação, solução, reflexão ou renovação, ensejando-lhe alívio para suas “dores da alma”, ficaremos duplamente gratificados pela realização deste trabalho.

Catanduva, 8 de junho de 1998.

Hammed


1. Tivemos a atenção de transcrever; ao término de cada mensagem, as questões em estudo de “O Livro dos Espíritos” (Edição da FEB, tradução de Guillon Ribeiro), a fim de facilitar as observações e os estudos dos leitores.
2. Algumas mensagens psicografadas que figuram nesta obra foram, inicialmente, publicadas pela Boa Nova Editora e Distribuidora de Livros Espíritas de Catanduva, de forma avulsa. Aparecem agora revisadas e adaptadas, para uma melhor apresentação e ordenação do conjunto. (Notas do autor espiritual)

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